segunda-feira, 29 de junho de 2009

Profissão Repórter

Não. Eu não vou falar sobre o programa da Rede Globo. Irei refletir sobre os profissionais da área de jornalismo, sobre seus direitos profissionais (agora quase nenhum), sua valorização no mercado, sua influencia na vida social.

Sim. Eu concordo plenamente com o presidente da Fenaj Sérgio Murillo Andrade, quando ele falou na ocasião da comemoração dos 30 anos do Sindjorn que acordou sentindo-se diminuído na manhã do dia 18 (dia que sucedeu a decisão do STF quanto a queda do diploma).

Talvez a categoria tenha forças para se unir. Quando criança, sempre acreditei que o jornalista era famoso. A Xuxa dançava, Eliana cantava "dedinhos" e o jornalista apresentava o telejornal e se fazia figura mais-que-importantíssima na hora de nos retratar a realidade.

Ontem, o jornalista trabalhava para a censura, segundo Gilmar Mendes.

Hoje, sei que jornalista não trabalha para a notícia. Não trabalha para a verdade. Também não é movido por suas preferências. Mas e então, o que faz o jornalista?

Amanhã, o jornalista vai findar numa nomeação barata. Isso já é o típico de hoje, mas acredito que as coisas vão piorar muito.

Quando criança, eu acreditava muito no que muitos ainda falam por aí.. Acreditava quando me diziam que o jornalista era responsável pela informação, era responsável pela notícia que ganhava notoriedade.

Mas quando crescemos, vemos que o jornalista não passa de um empregado que obedece às ordens de seu patrão. Jornalista trabalha para os ideais do jornal, ou seja, do editorial. Jornalista não trabalha escrevendo bonito como nos filmes americanos. E o pior de tudo é que ainda é mal pago (Em Natal/RN, a categoria tem o segundo menor piso salarial do país). Cadê os grandes jornais fazendo campanhas por uma informação de qualidade? Aonde estão as manchetes de indignação que não estampam os jornais. Há muitos anos atrás, passou-se quase um mês publicando manchetes sobre uma ficção patética à respeito do 'bebê diabo'. Gastasse manchetes com a causa do bebê diabo, mas não se gasta com a própria causa.

Os empresários, donos de jornais, não tem interesse algum em pagar mais caro para ter jornalistas diplomados sentados e escrevendo em suas redações. Empresários querem lucros, mas ainda vão tropessar na própria ganância, quando a qualidade de suas matérias forem questionadas.

Talvez por existir tantos jornalistas falidos, escrevendo livrinhos medíocres para aumentar a renda, trabalhando por um ideal que não defende, a categoria esteja, hoje, tão desvalorizada.

Mas, com o 'golpe' da queda do diploma, muitas pessoas acordaram para a causa do jornalista. Pena que não impomos respeito e que a sociedade está prestativa à nossa causa por pena.

Espero que até que eu me forme, essa 'impressão' suja do jornalista tenha se esvaído, espero que mesmo desvalorizados, a categoria consiga permanecer unida e fazer uma campanha com a força que todos acreditam que o jornalista tem. Se o jornalista tiver a força que, quando criança, acreditei que tivesse, a questão do diploma não ficará como está.

Jornais reivindicam a atenção de senadores, prefeitos, governadores e presidentes. Falam bem de algumas dessas figuras mesmo quando não se tem nada de bom para se falar. Onde estão todos agora?

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